top of page

23 MAR

Image-empty-state.png

“Missa de Bruckner” - Concerto de Páscoa

Coro DECA e Ensemble Sopros Univ. de Aveiro
Vasco Negreiros, direção

Data

23 de março de 2024 às 21:30:00

Classificação Etária

M/6

Local

Igreja do Mosteiro da Batalha, Batalha

Entrada

gratuito

Sinopse

Comemoram-se em 2024 os 200 anos desde o nascimento de Anton Bruckner. Acima de tudo, foi a sua obra coral que lhe deu um lugar privilegiado no coração de tantos ouvintes e cantores. É curioso verificar como, ainda na actualidade, muitos compositores, quando escrevem música vocal de conjunto, usam, com ou sem consciência, recursos que, no seu tempo, cunhou Anton Bruckner.
A personalidade deste compositor austríaco em muito difere do que normalmente associamos a um típico criador musical romântico ou pós-romântico. Bruckner revelou tarde o seu talento e, de todo, o seu modo de vida não correspondeu ao ideal de compositor-filósofo-génio que se criou e alimentou a partir de Beethoven. Há inúmeras anedotas a respeito da sua incapacidade de falar de outra forma que não a típica da sua região de origem, que, para ouvidos preconceituosos, soava como alemão de um bebé. Consta até que Richard Wagner divertia os seus amigos ao convidar Bruckner para jantar, devido aos seus péssimos modos à mesa e à sua total inocência, à qual faltava qualquer tipo de sofisticação, sem sequer se dar conta de que estava a ser ridicularizado.
E no entanto a música de Bruckner é grandiosa e iluminada, tendo como ponto de partida e destino maior a vivência da sua inabalável fé católica, bússula de toda a sua vida. De tempos em tempos Bruckner voltava ao mosteiro/internato de Sankt Florian, em que fora menino cantor, para passar aí períodos de intenso recolhimento mistico. A religiosidade foi, sem dúvida, o mais constante pilar da sua personalidade, raíz da sua maneira de compreender a criação artística.
A Missa em Mi menor foi concebida em 1864 mas sofreu uma profunda revisão em 1882. É esta última versão a que ouvimos hoje. Traz-nos uma mistura de estilos interessantíssima pois, por um lado, através do acompanhamento instrumental levado a cabo unicamente por instrumentos de sopro, denota uma clara relação com a tradicional Harmoniemusik austríaca, que se caracterizava por gestos musicais directos e ligeiros, destinada a ser tocada em ocasiões festivas, ao ar livre; por outro lado, recorre em longos trechos à seriedade e sobriedade do coro a cappella, ou seja, sem acompanhamento nem solistas, aproximando-se assim da Reforma Cecilianista (que visava o retorno da música sacra aos princípios que a regiam no século XVI), em grande voga na altura, com impressionante complexidade no que toca ao Contraponto, a grande paixão deste compositor, que gostava de se apresentar orgulhosamente como ‘Anton Bruckner, Professor de Contraponto’.
O presente concerto é iniciado e permeado por obras do talentosíssimo jovem compositor português Francisco Ribeiro, que homenageia Bruckner com duas peças instrumentais e uma a cappella, compostas especificamente para esta ocasião. A obra para coro que se ouve entre o Gloria e o Credo da Missa toma por base o texto de um postal de Bruckner para uma jovem a quem, como a tantas outras – até mesmo, às vezes, num primeiro contacto a meio da rua – pedira em casamento, sem êxito. Seja devido à sua manifesta feiura ou à sua total falta de jeito nesta matéria – aí sim, à semelhança de Beethoven – até ao fim da vida, não conseguiu Anton Bruckner encontrar uma parceira.
Ouve-se ainda, no início e no fim deste programa, dois dos seus mais consagrados motetes, que podem ser considerados simbolos universais da música coral europeia, cantados por coros de todo o mundo: Christus factus est, uma obra mais tardia (1884), que traz o eco de muitas das passagens da Missa que no concerto se houve na íntegra, e o Ave Maria (1861), que, por seu turno, foi, merecidamente, a obra que, pela primeira vez, chamou ao mundo a atenção para este homem tão simples na maneira de estar, como magnifico, no que tange à sua forma de operar a arte poética dos sons.
Caro Anton Bruckner, feliz aniversário!
Vasco Negreiros

Programa

Christus factus est, de A. Bruckner (Direcção de Vasco Negreiros)

Homenagem a Anton Bruckner I, de Francisco Ribeiro, em estreia mundial (Direcção de Afonso Ribeiro)

Kyrie da Missa em Mi menor, de A. Bruckner (Direcção de Vasco Negreiros)
Gloria da Missa em Mi menor, de A. Bruckner (Direcção de Vasco Negreiros)

Viena, 17 de agosto de 1892, de Francisco Ribeiro, em estreia mundial (Direcção de Vasco Negreiros)

Credo da Missa em Mi menor, de A. Bruckner (Direcção de Vasco Negreiros)
Sanctus da Missa em Mi menor, de A. Bruckner (Direcção de Alice Vieira)
Benedictus da Missa em Mi menor, de A. Bruckner (Direcção de Afonso Ribeiro)
Agnus Dei da Missa em Mi menor, de A. Bruckner (Direcção de Vasco Negreiros)

Homenagem a Anton Bruckner II, de Francisco Ribeiro, em estreia mundial (Direcção de Alice Vieira)

Ave Maria, de A. Bruckner (Direcção de Vasco Negreiros)

Ficha Artística e Técnica

Coro DECA e Ensemble Sopros Universidade de Aveiro
Vasco Negreiros, direção

Biografia

Coro DECA
O Coro do Departamento de Comunicação e Arte é composto pelos alunos da Licenciatura e do Mestrado em Música da Universidade de Aveiro.
Apresentou-se pela primeira vez em público no dia 14 de abril de 1998 e, desde então, participa regularmente nas atividades da Universidade e em concertos com a Orquestra Filarmonia das Beiras. Para além das atuações em Aveiro apresentou-se ainda em Águeda, Alcobaça, Estarreja, Figueira da Foz, Guarda, Ílhavo, Lousã, Matosinhos, Oliveira do Bairro, Ourém, Ovar, Viseu, Lisboa e Porto, onde tem interpretado importantes obras do repertório coral-sinfónico, entre as quais se incluem “Magnificat”, “Cantata BWV 147” e “Paixão S.S. Mateus” (J. S. Bach), “Sinfonia Nº 9” e “Fantasia Coral” (Beethoven), “L’Enfance du Christ” (Berlioz), “Te Deum” (Bruckner), "Messias" (Häendel), “As Estações” e “A Criação” (Joseph Haydn), “Missa da Coroação, K.317” e “Missa em Dó menor, KV. 427” (W. A. Mozart), “Die Erste Walpurgisnacht, Op. 60” e “Salmo 42. Op.42” (Mendelsshon), “Gloria” (Poulenc), “Stabat Mater” (Rossini), “Missa de Glória” (G. Puccini), “Requiem” (Fauré), “Requiem Alemão” (Brahms), “Requiem” de Frederick Delius, “Oratória de Natal” (Camille Saint-Saëns), “Missa para Coro Misto e Duplo Quinteto de Sopros” (Stravinski), a “Sinfonia Nº 4” (Joly Braga-Santos), a “Paixão Segundo S. Mateus” (J. S. Bach), “Os Planetas” (Holst) e a “2ª Sinfonia” (Mahler).


Conjunto Instrumental
O conjunto instrumental que neste concerto acompanha o Coro do DeCA da Universidade de Aveiro e que executa, em primeira audição mundial, as obras de Francisco Ribeiro, foi formado especialmente para esta ocasião.
O grupo é constituído por alunos do Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro.
Se é verdade que este Departamento se tem destacado em muitas frentes, é igualmente inegável que os seus conjuntos de sopros têm contribuído decisivamente para a sua representação exterior, devido à enorme qualidade individual de cada instrumentista, assim como a um forte investimento na sua formação enquanto executante de orquestra, por parte da instituição que representam.

Vasco Negreiros
Vasco Negreiros nasceu em Portugal, tendo emigrado para o Brasil aos dez anos de idade, onde iniciou ao piano os seus estudos de música. Mais tarde, estudou Viola d’Arco e Canto, tendo-se especializado inicialmente em Direcção Coral.
Na Alemanha, concluiu o curso de Direcção na Musikhochschule Karlsruhe, seguindo Pós-Graduação (KapellMeister Ausbildung), também em Direcção, na Musikhochschule de Mannheim-Heidelberg. Concluiu em 2005 Doutoramento sob orientação de Owen Rees (Oxford), do qual resultou a edição facsimilada do Livro de varios motetes, de Frei Manuel Cardoso, pela Casa da Moeda – Imprensa Nacional de Portugal.
Como maestro, dirige regularmente o Vocal Ensemble, colaborando como convidado com diversas orquestras, no país e no estrangeiro, principalmente em programas de Música Antiga ou nas interpretações das suas próprias composições, tendo inciado a sua carreira discográfica em 1989, com o CD «Brasil Barroco», que incluía música colonial em primeira audição contemporânea.
Publicou ainda um CD triplo com a íntegra do ‘Livro de varios motetes’ de Frei Manuel Cardoso, pela editora Althum, assim como o resultado da sua investigação sobre Jerónimo Francisco de Lima: ‘Rabbia, Furor, Dispetto’, pelo selo discográfico Paraty, de Paris, muito elogiado pela crítica internacional. Para crianças, publicou pela editora mPmP (Movimento Patrimonial pela Música Portuguesa) o CD ‘O Gato das Botas’, uma obra pedagógica orquestral de sua autoria. Em 2023 publicou o CD duplo Lasso – Mus. Hs. 18.744, com apoio do INET-MD, que recebeu entusiástica recepção crítica.
Vasco Negreiros é Professor de Direcção e de outras disciplinas dos foros prático, teórico e auditivo, na Universidade de Aveiro. Realizou muitas edições musicais, principalmente no campo da Música Histórica e é conferencista e autor de diversos artigos e livros de índole musicológica.
Para além da actividade artística como maestro, dedica-se bastante à composição, tendo sido premiado na Bulgária, pelo seu Amen para coro infantil, realizando residência artística como compositor convidado do Festival Ketewan, na Índia, em 2017. Em 2019 foi o compositor convidado do Festival Estoril Lisboa, para o qual escreveu a obra ‘Peregrinações – sobre o livro de Fernão Mendes Pinto’, interpretada no Mosteiro dos Jerónimos pelo actor Luís Miguel Cintra e pela Orquestra Metropolitana de Lisboa, sob direcção do próprio compositor.

Afonso Ribeiro
Natural do Porto começou os estudos musicais na Academia de Música de Costa Cabral aos 3 anos, concluindo na mesma instituição o Curso Profissional de Violino. Prosseguiu os seus estudos na Universidade de Aveiro, onde se licenciou em Direção, Teoria e Formação Musical, frequentando agora o mestrado em Ensino da Música, na variante de Direção Coral.
Já atuou em várias salas do país, como a sala Guilhermina Suggia da Casa da Música, o Teatro Rivoli, Teatro Aveirense, Theatro Circo, Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian, entre outros. Trabalhou com maestros de renome, como Cesário Costa, Jan Wierzba, Vasco Negreiros, José Eduardo Gomes e Fernando Marinho. Enquanto Intérprete, já fez repertório variado, desde música renascentista até estreias mundiais, tanto na vertente instrumental como coral. Apresentou-se como maestro pela primeira vez com a estreia mundial da obra “Paradis Artificiels”, de Rodrigo Pinto, obra de estreia do compositor, com a Orquestra António Fragoso, em Rochechouart, França.
No campo so associativismo, foi coordenador do Núcleo de Estudantes de Música da Associação Académica da Universidade de Aveiro entre abril de 2022 e junho de 2023.
É integrante na Tuna Universitária de Aveiro e no grupo masculino Voces Verbi.

Alice Vieira
Nascida em 2001 é licenciada em Direção, Teoria e Formação Musical na Universidade de Aveiro. Pianista, como estudante até 2020, e cantora, já participou em concursos, workshops, masterclasses de piano (erudito e jazz), canto, teatro e direção. Além disso, fez partes de projetos de teatro, como o “Annie” do Filipe la Feria no Rivoli, em 2010. Já fez voluntariado com concertos em Centros de Dia no Marco de Canaveses, de onde é natural. Na Universidade de Aveiro já trabalhou na área da investigação (INET-md). Atualmente, faz parte de diversos projetos: maestrina do Coro de Santa Joana em Aveiro; cantora no Coro Feminino do Vale do Sousa; pianista no Quarteto Nota do Meio, sediado em Aveiro; cofundadora do projeto Gomo de Tangerina. Já realizou concertos como maestrina, pianista e/ou cantora a nível nacional e internacional.

bottom of page